05 novembro 2012

PARA ONDE SOPRA O VENTO DO FUTEBOL DE BASE



Rodrigo Vicenzi Casarin
Dênis de Lima Greboggy

No hay ningún viento favorable para el que no sabe a qué puerto se dirige.

Schopenhauer.

Menos Play Station y más calle, menos vídeos y más partidos en el campo, menos analíticos, estadísticas y vendehúmos y más sensaciones.

Pablo Longoria.

Primeiro tempo...

            Levantar tópicos para debater é uma tarefa instigante e reflexiva, especialmente quando tratamos do nosso fenômeno em questão. Tal fenômeno que neste solo tem sido cada vez mais dissecado e apropriado por seres que não compreendem sua essência complexa, tornando-o um foguete espacial sem visão e direção.
            Ao futebol nacional, faltam alguns anos-luz para se chegar ao estágio considerado ideal em termos estruturais-organizacionais; faltam centenas de anos-luz para o futebol profissional começar evoluir seu processo estético de jogo, gerado pelo pouco entendimento da modelação do processo de treino-competição; e faltam milhares de anos-luz para o futebol de base compreender sua verdadeira face, singularidade e significado transcendente de formar equipes e jogadores.
            O futebol de base, na sua realidade, não sabe a que caminho se dirige. Mazelas cansadas são vistas diariamente, algumas até já foram ultrapassadas e reformuladas por novas perspectivas, isso é comprovado cientificamente, mas entristece qualquer profissional que busca constante evolução saber que essa tendência comum acaba gerando uma ideia global que desvirtua totalmente os amantes de um bom e novo jogar futebol.
            Como se defende perante um grupo de jogadores uma aprendizagem intencional, significativa, que desenvolva aspectos relevantes e o verdadeiro jogar do futebol, visto que o sistema futebol culturalmente poluído está desorientado, não sabe o que quer, para aonde vai e qual a razão de ir? Pensando melhor, esse reflexo de problemas culturais que gerou mentalidades e modelos ditos como únicos e verdadeiros, ainda pode ser suplantado. Fundamentalmente temos de entender alguns aspectos:
  1. Escassez do futebol de rua
  2. Excessos de atividades ociosas – computador, vídeo-games...
  3. Treinamentos para não treinar futebol  
  4. Resultados em primeiro plano
  5. Sistema competitivo defasado
  6. Diretores incapacitados para adiministrar equipes (inclusive profissionais)
  7. Excesso de expectativa com relação ao lado financeiro
  8. Jovens jogadores já possuindo empresários
  9. Pressão exacerbada pela família e "professores"
  10. Protótipo de jogador midiático ou jogador voluntarioso
         O que nos resta agora, é tentar compreender todos esses elementos acima levantados. E compreender não é difícil, o grande problema é substituir e acertar na substituição. 
           O futebol de base precisa ser repensado. Os vícios viciaram os conformistas. A complexidade desse fenômeno é compreendida por poucos nesse país.
            Os treinadores não sabem discernir, e muito menos compreender o jogo e o treinamento de futebol. Estão presos sem saber e querer superar aspectos extra-campo, iluminando ainda antigos conceitos relativo ao jogo e treino: marcação individual homem-a-homem; mudança de sistema durante o jogo mais de uma vez; quando alguém é expulso, retiram o atacante para recompor o setor; responsabilidade de marcação em apenas dois ou três jogadores; falam à beira do gramado, gritam, xingam seus próprios jogadores; realizam treinamentos em conjunto 11x11 para definir titulares e reservas, não conseguindo manter uma regularidade de atuações; treinam qualquer esporte individual ao invés de futebol ou um determinado estilo de futebol. 
        Tudo o que foi citado acontece tanto na base como no profissional aqui no Brasil, um despojado reflexo e exemplo de um futebol brutal.
            Quando se trata de formação de jogadores, temos que lembrar que acima de tudo, está sendo formado um ser humano, que deve obter princípios de vida que o tornem sólido para o enfrentamento das dificuldades do dia-a-dia em qualquer momento. Devemos transmitir aspectos ou conceitos de jogo balizados, com uma ideia específica, interdependência entre elementos da equipe e entendimento das peculiaridades do jogo, bem como sua variabilidade para tomar as melhores decisões. Isso deve, dia-após-dia, ser trabalhado sincronicamente na formação.
        A complexidade humana-futebolística deve caminhar juntas a todo o tempo. Caso ocorra ao contrário, bom, já sabemos das consequências.

Por perceber o um pensamos que percebemos o dois, porque um e um são dois. Mas precisamos também perceber o e.

Antigo ditado Sufi

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