28 abril 2013

PICO DE “FORMA FÍSICA” OU PICO DO JOGAR?



Rodrigo Vicenzi Casarin

Dênis de Lima Greboggy



            Há algum tempo temos questionado o pico de forma física como principal foco de treinamento-desempenho no futebol brasileiro. Neste tempo de “novas reflexões”, percebemos que as respostas científicas advindas da “ciência com consciência” e a experiência do dia-dia ao terreno nos demonstram que, somente a forma física para o alto rendimento do futebol não é mais sinônimo de especificidade (aliás, nuca foi), e também não garante resultados expressivos. Como todos sabem a exacerbação da forma física no treino de futebol aqui no Brasil deve-se a vários professores que foram estudar na Rússia, e trouxeram na bagagem livros do Matveev e outros “gênios”, “gênios mesmo” na literatura da metodologia do treinamento desportivo para o atletismo e outros desportos individuais. Ê essa moda pegou!

            O título aqui sugerido traz a ideia da troca de metodologia do treino de atletismo aplicada ao futebol (que visa apenas a forma física), pelo pico do jogar, ou seja, o patamar mais alto de rendimento que uma equipe pode ter. Rendimento esse que é transfatorial, que não quer dizer apenas vitórias, mas sim o desenvolvimento de uma dinâmica de jogo, tendo em conta as interelações dos momentos do jogo e da compreensão vista em propensões de ações intencionais relativas aos princípios de jogo (grandes princípios, sub-princípios e sub dos sub-princípios) da forma de jogar de uma equipe.

            O pico do jogar suplanta todas as tônicas que envolvem o desenvolvimento e a progressão temporária das capacidades motoras para uma “determinada época da temporada”. Se o pico de “forma física” idealiza a oscilação no rendimento, atingindo determinados picos físicos em pontos chaves de uma temporada, o pico do jogar perspectiva uma estabilização dinâmica, com um ano competitivo sem oscilações, balizado por uma progressão complexa.

            Hipoteticamente realizemos uma reflexão pertinente: imaginamos que uma equipe planeja estes “picos de forma física” para as finais de uma determinada competição, mas essa é eliminada ainda na primeira fase. Parece estranho, mais para uma equipe chegar às finais é necessário jogar, ou melhor, “jogar com qualidade” todos os jogos. Por essa questão, será que projetar determinados picos de forma física sem ter em conta um jogar com máxima organização e máxima concentração basta para vencer os jogos que antecedem as finais?

            Está claro que para o futebol, aonde se joga quarta e domingo, e não apenas em março e outubro ou em julho e dezembro, todos os jogos devem ser encarados com máxima exigência, pois até mesmo um treinador de atletismo compreende a necessidade da conquista dos 3 “requisitados pontos” para “estar no topo”.Contudo, algumas perguntas brotam: Todos os jogos têm o mesmo valor? E a rotatividade do plantel? E os jogos fáceis? Existem jogos fáceis? Planejamento diário, semanal e de jogo, ou o planejamento anual é copiado? Esse planejamento é para os 11 titulares e os suplentes ficam “catando” as bolas?

            Amigos, cada equipe escolhe seu pico. Algumas querem o “pico do Everest, sem entender as particularidades da subida da montanha”. Para nós, o pico que realmente importa é o pico do jogar. Esse é construído diariamente pelo correto entendimento e pela correta operacionalização do processo concepto-metodológico. Este processo, se bem idealizado, fortalece ainda mais a tese que todos os jogos são importantes e que o pico do jogar está constantemente presente e crescente pela sua estabilização dinâmica. Tal estabilização tem em conta que o conceito de pico nunca é estanque, e sim é sempre aberto às circunstâncias que o contexto requer ao nível da modelação diária e semanal do jogar.

            Nós estabilizamos com um padrão semanal de treino e mantemos esse padrão ao longo do ano. É natural que nós analisamos os jogos, os rendimentos dos jogadores e em função disso vamos diferenciando algumas situações particulares. Há jogadores que por vezes estão mais desgastados que outros. Nós temos de ter essa capacidade de ir observando e ir gerindo a participação deles nos exercícios de treino. Nós estabilizamos um padrão semanal de treino procurando manter as rotinas de treino e manter esse estado de forma, ou a nossa capacidade de render que tem a ver com aquilo que nós vamos conseguindo vencer. ., ou seja, todos os jogos serão importante para a equipe (RUI QUINTA).

Esse fechamento do atual assistente de Vitor Pereira do F.C Porto era tudo que precisávamos!

Abraços!


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