Rodrigo
Vicenzi Casarin
Dênis
de Lima Greboggy
Há
algum tempo temos questionado o pico de forma física como principal foco de
treinamento-desempenho no futebol brasileiro. Neste tempo de “novas reflexões”,
percebemos que as respostas científicas advindas da “ciência com consciência” e
a experiência do dia-dia ao terreno nos demonstram que, somente a forma física
para o alto rendimento do futebol não é mais sinônimo de especificidade (aliás,
nuca foi), e também não garante resultados expressivos. Como todos sabem a
exacerbação da forma física no treino de futebol aqui no Brasil deve-se a
vários professores que foram estudar na Rússia, e trouxeram na bagagem livros
do Matveev e outros “gênios”, “gênios mesmo” na literatura da metodologia do
treinamento desportivo para o atletismo e outros desportos individuais. Ê essa
moda pegou!
O
título aqui sugerido traz a ideia da troca de metodologia do treino de
atletismo aplicada ao futebol (que visa apenas a forma física), pelo pico do
jogar, ou seja, o patamar mais alto de rendimento que uma equipe pode ter.
Rendimento esse que é transfatorial, que não quer dizer apenas vitórias, mas sim
o desenvolvimento de uma dinâmica de jogo, tendo em conta as interelações dos
momentos do jogo e da compreensão vista em propensões de ações intencionais relativas
aos princípios de jogo (grandes princípios, sub-princípios e sub dos
sub-princípios) da forma de jogar de uma equipe.
O
pico do jogar suplanta todas as tônicas que envolvem o desenvolvimento e a
progressão temporária das capacidades motoras para uma “determinada época da
temporada”. Se o pico de “forma física” idealiza a oscilação no rendimento, atingindo
determinados picos físicos em pontos chaves de uma temporada, o pico do jogar
perspectiva uma estabilização dinâmica, com um ano competitivo sem oscilações,
balizado por uma progressão complexa.
Hipoteticamente
realizemos uma reflexão pertinente: imaginamos que uma equipe planeja estes
“picos de forma física” para as finais de uma determinada competição, mas essa
é eliminada ainda na primeira fase. Parece estranho, mais para uma equipe chegar
às finais é necessário jogar, ou melhor, “jogar com qualidade” todos os jogos.
Por essa questão, será que projetar determinados picos de forma física sem ter
em conta um jogar com máxima organização e máxima concentração basta para
vencer os jogos que antecedem as finais?
Está
claro que para o futebol, aonde se joga quarta e domingo, e não apenas em março
e outubro ou em julho e dezembro, todos os jogos devem ser encarados com máxima
exigência, pois até mesmo um treinador de atletismo compreende a necessidade da
conquista dos 3 “requisitados pontos” para “estar no topo”.Contudo, algumas perguntas
brotam: Todos os jogos têm o mesmo valor? E a rotatividade do plantel? E os
jogos fáceis? Existem jogos fáceis? Planejamento diário, semanal e de jogo,
ou o planejamento anual é copiado? Esse planejamento é para os
11 titulares e os suplentes ficam “catando” as bolas?
Amigos,
cada equipe escolhe seu pico. Algumas querem o “pico do Everest, sem entender
as particularidades da subida da montanha”. Para nós, o pico que realmente
importa é o pico do jogar. Esse é construído diariamente pelo correto
entendimento e pela correta operacionalização do processo concepto-metodológico.
Este processo, se bem idealizado, fortalece ainda mais a tese que todos os
jogos são importantes e que o pico do jogar está constantemente presente e
crescente pela sua estabilização dinâmica. Tal estabilização tem em conta que o
conceito de pico nunca é estanque, e sim é sempre aberto às circunstâncias que
o contexto requer ao nível da modelação diária e semanal do jogar.
Nós estabilizamos com um padrão semanal de
treino e mantemos esse padrão ao longo do ano. É natural que nós analisamos os
jogos, os rendimentos dos jogadores e em função disso vamos diferenciando
algumas situações particulares. Há jogadores que por vezes estão mais
desgastados que outros. Nós temos de ter essa capacidade de ir observando e ir
gerindo a participação deles nos exercícios de treino. Nós estabilizamos um
padrão semanal de treino procurando manter as rotinas de treino e manter esse
estado de forma, ou a nossa capacidade de render que tem a ver com aquilo que
nós vamos conseguindo vencer. ., ou seja, todos os jogos serão importante para
a equipe (RUI QUINTA).
Esse fechamento do atual assistente de
Vitor Pereira do F.C Porto era tudo que precisávamos!
Abraços!
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