26 janeiro 2011

COMPLEXIDADE E PERIODIZAÇÃO TÁTICA: A NECESSIDADE DE UMA SUSTENTAÇÃO TEÓRICA


Prof. Rodrigo Vicenzi Casarin
Prof. Dênis de Lima Greboggy

Pretende-se inicialmente (como visto nas postagens passadas) neste inocente, puro e desafiante  espaço,  subsidiar a NOVA FORMA DE ESTAR, PENSAR E PRATICAR O DESPORTO FUTEBOL, com conceitos e princípios desenvolvidos principalmente nas últimas décadas. Agora, neste artigo tentaremos e seremos um tanto quanto ousados a apresentar quatro sub-teorias (se assim podemos chamar) da teoria complexidade, e conceituá-las resumidamente (porém com óculos complexo) além de novamente convidá-los a realizar o habitual transfer ao nosso majestoso e sem nos deixar em dúvidas, método ou filosofia de treino: a PERIODIZAÇÃO TÁTICA.

Iniciando...

TEORIA DA ORGANIZAÇÃO
A teoria da organização não é uma coleção de fatos, é o modo de pensar sobre as organizações como uma rede complexa, tendo como subsídio padrões e regularidades no projeto organizacional e no comportamento (CHIAVENATTO,1999). A rede complexa constitui-se das ligações e conexões existentes entre elas, considerando uma organização focal. Assim, é possível a observação da freqüência com que elas se comunicam, bem como da influência exercida pela organização focal sobre as demais e nas várias interações entre dimensões. Mas é somente pela inovação contínua que a organização sobrevirá, encorajando a experimentação, e operando sobre novos padrões (MOTTA, 1987).
Para Morgan (1996) as organizações devem ser concebias como sistemas vivos, que existem em um ambiente mais amplo do qual dependem em termos da satisfação das suas várias necessidades. Assim, à medida que se olhe à volta do mundo da organização, percebe-se que é possível identificar diferentes tipos de organizações em diferentes tipos de ambientes. Portanto estas devem ser perspectivadas como o cérebro humano, ou seja, dentro de uma idéia de que é possível planejar tais organizações de forma que elas possam aprender a auto-organizar-se, em completo funcionamento (MORGAN, 1996).
            Nesse contexto, as organizações melhores geridas, são aquelas que operam na fronteira do caos que implacavelmente levam a cabo um caminho de inovação contínua conduzido por um processo natural de autoorganização (STACEY, 2003).

AUTOPOIESE E AUTOORGANIZAÇÃO


 A palavra “poiesis” é um termo grego que significa produção. Autopoiese quer dizer auto-produção. Em sintese, define os seres vivos como sistemas que produzem continuamente a si mesmos, porque recompõem continuamente os seus componentes desgastados. Para Maturana, o termo “autopoiese” traduz o que ele chamou de “centro da dinâmica constitutiva dos seres vivos”. Para exercê-la de modo autônomo, o ser vivo recorre ao meio ambiente. Em outros termos, são ao mesmo tempo autônomos e dependentes (MARIOTTI, 1999).Também pode-se dizer que eles são circulares, ou seja, funcionam em termos de circularidade produtiva. Desse modo, a idéia de ser vivo se formula em termos de organização circular, nos quais o que se conserva é a circularidade.
Pensar o conhecimento a partir da autopoiése só é possível se entendemos cada vivente como sistema auto-organizado e auto-organizável. Para Maturana isso só é possível porque cada ser é uma teia de relações. O que determina, em última análise, a organização do vivo é sua própria autopoiése. Mas o que desencadeia é a relação que se estabelece entre vivo-meio-vivo. O organismo se autogere, mas só o faz na relação com outros organismos (MARIOTTI, 1999).
Na teoria da autopoiese, o ser humano é concebido como capaz de gerar uma auto-organização de novas propriedades e relações entre as dimensões de sua dinâmica. Haverá auto-organização cada vez que, a partir de uma inter-ligação entre as dimensões (e não analiticamente) houver também uma interação sem supervisor onipotente; interação essa que leva eventualmente à constituição de uma “forma”, ou á reestruturação por ‘complexificação’, de uma forma já existente (FERRAZ,2010).

TERMODINÂMICA, TEORIA DO CAOS E CAOS-DETERMINISTICO


 Os estudos da termodinâmica deram um grande impulso à Teoria do Caos. Ilya Prigogine (1917-2003), um cientista estudioso da termodinâmica laureado com o Prêmio Nobel de Química, diz que “ordem e organização podem surgir de modo espontâneo da desordem e do caos, produzindo novas estruturas, por meio de um processo de auto-organização”. Nenhuma estrutura viva pode ser permanentemente estabilizada. Seria a morte. Para Prigogine um sistema pode estar em equilíbrio, perto do equilíbrio ou distante do equilíbrio. Um sistema em equilíbrio não gera nova informação, apenas processa a informação já existente. Um sistema perto do equilíbrio gera pouquíssima informação, apenas adapta-se, e muito lentamente. Já um sistema distante do equilíbrio gera muita informação, não somente se adapta e tanto evolui rapidamente como produz revoluções. É no “Limiar do Caos”, com liberdade suficiente para criar e com estrutura suficiente para não desmoronar que os sistemas apresentam a sua melhor produtividade (TÔRRES, 2010).
Relativamente ao caos determinístico, é definido como “uma dinâmica complexa gerada por sistemas dinâmicos não lineares conciliando determinismo e imprevisibilidade”. Lorenz (1963) demonstrou em seus estudo a existência intrínseca de regimes caóticos em sistemas dinâmicos determinísticos, mas por outro lado, apontou algumas regularidades destes regimes. Assim,  essa teoria fornece ferramentas para análise e modelagem de fenômenos caóticos e podem suprir com descritores efetivos da dinâmica subjacente  e implícita da estrutura fractal do sistema (FIEDLER FERRARA JUNIOR, 2005). Essa modelação caracteriza-se pela antecipação, ou seja,  indicará que o futuro é completamente determinado pelo passado, porém, na prática, pequenas “imprevisibilidades” estarão presentes.

FRACTAIS

Fractal  é uma estrutura ramificada e arborescente que modeliza um sistema complexo na qual partes  se assemelham ao todo (MANDELBROT, 1983). Os fractais são auto-similares e independentes em escala, ou seja, cada pequena seção de um fractal pode ser vista como uma réplica em tamanho menor de todo o fractal. O que significa que podemos recorrer a um padrão dentro de outro padrão e assim por diante, partindo da complexidade maior.
É a chamada simetria de escala (PENA, 2004). Um objeto fractal tem uma propriedade de que uma estrutura mais fina é revelada quando o objeto é magnificado, similarmente como complexidade morfológica quer dizer que uma estrutura mais fina (aumentadas resolução e detalhe) é revelada com o aumento da magnificação, escala ou resolução (BATISTA, 2006).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurou-se nesse artigo elancar algumas meta-teorias que representam o “emergir” de uma nova percepção mais ampliada de um contexto infelizmente cercado pelo pensamento simplista. Novamente tivemos a oportunidade de lhe oferecer a você leitor complexo, alguns pontos de partida (pontos de partida porque o conhecimento permanece sempre contruindo-se e reonstruindo-se; é somente uma questão de querer enxergar, evoluir e claro sempre transcender) para o entendimento do fenomeno da complexidade e a nossa explêndida Periodização Tática.
Como a Periodização Tática não se esgota a conhecimentos apenas de preparação física e algumas teorias redutoras que balizam outros métodos de treino porque está SEMPRE EM COMPLEXIDADE, em nosso próximo post traremos “algumas” evidências NEUROCIENTÍFICAS para completar (esse nosso completar em complexo, ou seja, completar sem fechar) o referencial teórico do constructo Periodização Tática.


E têm alguns que dizem que a Periodização Tática é apenas uma tática abstrata e “otras cositas más”......QUE BARBARIDADE!

Abraços e fiquem sempre com Jah!


REFERÊNCIAS

MARIOTTI, H. Autopoiese, Cultura e Sociedade. Pluriversu – Complexidade, Política e Cultura, 1999.

José Júlio Martins Tôrres. TEORIA DO CAOS; retirado de:
e53suZOFVYIt4PQ2uFz8JI839kEI3Tv1zrtPXwai8Zpusy0Wdpq98TTyJclmDgWC7K9DmC0MaNTaqZh7fpHLC0/TeoriaDoCaos.pdf>. Jan, 2010.

FIEDLER-FERRARA JUNIOR, N. . Quando o todo é mais sagaz do que a soma das partes. Scientiae Studia -Estudos de Filosofia e História da Ciência, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 323-337, 2005.

PENA, Felipe. Biografias em fractais: múltiplas identidades em redes flexíveis e inesgotáveis. Revista Fronteiras – estudos midiáticos. VI (1): 79-89, janeiro/junho 2004.

MANDELBROT, B. The fractal geometry of nature. New York: [s.n.], 1983. 550 p.

BATISTA, C. Métodos Emergentes de Física-Estátistica Aplicados a Series Temporais. Dissertação de Mestrado. Departamento de Estatística e Informática. Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2006.

CHIAVENATTO, I. Introdução à teoria geral da administração. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus 1999.

MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.

MOTTA, F. C. Prestes. Organização e poder.- empresa, estado e escola. Tese (Livre-docência) Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 1985.

Redes organizacionais e estado amplo. Revista de Administração de Empresas, São
Paulo, v. 27, abr./jun. 1987.

E.N. Lorenz, Deterministic non periodic flow, J. Atmosph. Sci., 20 (1963) 130-141.

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