12 outubro 2011

A VERTIGEM DA VELOCIDADE

  A velocidade com que as informações chegam aos lares, empresas, escolas e indústrias assenta-se como a principal marca desta nova sociedade, classificada como “post-industrial”.
 Dentro deste imenso escopo informativo pertencente às dimensões sociais, encontramos informações relativas ao jogo de futebol a todo instante, em cada toque do ponteiro do relógio ou em cada conexão à internet, por exemplo. Podemos dizer que estamos na era das famigeradas informações cotidianas, onde treinadores, jogadores, estudantes e jornalistas possuem seus veículos informativos que propagam e esquadrinham informações hora a hora. 
 Como tentamos sempre mexer com a zona de conforto (inércia) de nossos leitores, duas perguntas para iniciarmos:
  1. O fato de nos informarmos 24 horas, capacita-nos a possuirmos conhecimentos teórico-práticos aplicáveis aos nossos contextos futebolísticos?
  2. A velocidade informativa não balanceada e filtrada nos transforma realmente em seres evoluídos em busca de transcendência ou em seres sem criatividade, sem raízes, sem sensações próprias, sem realidade e sem entendimento contextual do que se passa? 
  Bem, após uma introdução um pouco atípica, ou não (como queiram), acreditamos que mais a frente nossos leitores transcendentes entenderão o que queremos com as informações acima MAIS apologéticas e filosóficas QUE fute-boleiras.
  Pois então Senhores, o que nos levou a fazer essa postagem foi o comentário tecido por um treinador brasileiro. Em seu discurso (não com as palavras a seguir) ouviu-se falar demasiadamente acerca da necessidade da transição ofensiva para se chegar à vitória e que sua equipe foi competente sabendo o que fazer com a bola na hora em que recuperava-a. Orá pensamos: poucas vezes ouvimos comentários interessantes nas entrevistas coletivas aqui no Brasil, quem sabe esse seja um jogo interessante para assistirmos e aprendermos!

  Então fomos à caça do mesmo...

  Com os "olhos-cerebrais" penetrados nos comentários tecidos pelo treinador na entrevista coletiva cedida há uma semana antes de vermos o jogo, começamos a analisar, e em poucos minutos ficamos confusos pensando se era realmente o jogo devido. Bom, como nosso objetivo era a análise da transição ofensiva, percebemos que o único gol da partida foi em cima deste momento através de um lançamento longo (quem sabe aí o motivo das palavras na entrevista). 
  Em síntese o panorama da análise foi concluído com muitos equívocos, especialmente na identificação da grande maioria das recuperações da bola terem como princípio, meio e fim lançamentos longos verticais e diagonais. Mas acabamos percebendo que naquela partida e naquele contexto de jogo, tal intenção da transição ofensiva teve certa eficácia, muito mais em função da fragilidade dos defensores da equipe adversária ao jogarem com o espaço nas costas e não ajustarem corretamente o corpo para o corte destas bolas longas (quem sabe aí outro motivo das palavras na entrevista). Mas será que essa forma de transitar ofensivamente é compatível com um discurso de: “Soubemos o que fazer com a bola”? 
  
  Não sabemos mais nada!

  Decepcionados novamente (para variar) com o futebol por cá, percebemos que cada vez mais treinadores brasileiros, e até mesmo de outras nacionalidades rotulam a transição ofensiva como uma espécie de ataque rápido ou contra-ataque, e emitem seus discursos garantindo que neste momento do jogo é crucial acelerar.
  Essa aceleração teoricamente deve-se em função da desorganização da equipe contrária e também para se chegar rapidamente à baliza adversária aproveitando as "costas" do adversário com um ou dois passes longos verticais.


  Será?


  Vamos para a segunda sessão de perguntas:

  1. O paradigma da velocidade vertiginosa está influenciando nossos treinadores? 
  2. Somente a tal aceleração para alteração da tal velocidade é o correto? 
  3. Acelerar a informação sem tranforma-lá em sabedoria, nos torna melhores treinadores? 
  4. Falamos em evolução e criação de conhecimentos ou de informações fajutas e inúteis?
  Bom amigos transcendentes, será que transitar ofensivamente é apenas engranzar com velocidade máxima? Será que esses pseudo-treinadores proporcionam contextos de treinos que capacitam os jogadores para entender o jogo e fazerem suas melhores escolhas na hora em que recuperam a bola? Ou apenas mecanizam os "robô-dores" em alta velocidade como a velocidade da informação e os tornam vazios e sem entendimento contextual do que devem fazer ao terem a bola?

  Tentemos explicar sem etiquetar nada:

  Analogamente vamos pegar um exemplo ordinário: se sempre estivermos com nosso carro na máxima e constante velocidade, passando pelas placas, sinaleiros e pedágios, logo-logo a polícia nos pegará e ... E é isso que acontece com a transição ofensiva, se quisermos acelerar todas e todas as bolas, logo-logo a equipe adversária saberá como bloquear, haverá uma blitz e...(risos), aonde está a habilitação dos dos jogadores e do treinador? Ela existe afinal?
  O jogo de futebol (neste caso em sua transição ofensiva) é como uma estrada desconhecida, é necessário variar a velocidade, é necessário olhar para trás, lado, frente, frear, acelerar pouco, médio, às vezes forte (não podemos negar)...desviar os buracos...pedir informações aos companheiros de estrada...ter critério para dirigir na imprevisibilidade....enfim, é necessário estar na estrada (treinados e com habilitação) para o desconhecido...para o COMPLEXO.
  É amigos transcendentes, o padrão social afeta a mente coletiva. Para não sermos afetados pela velocidade frenética e assim nos tornarmos máquinas malucas, temos que ter a capacidade de análisar, selecionar, frear, virar, e mudar de pista...
  Quem sabe o vídeo abaixo (que deve ser assistido por vários treinadores em função da velocidade da informação) ajude-os a transformar a informação em conhecimento teórico-prático (sabedoria), ou apenas seja arquivado como mais um videozinho informativo sem graça dentre os milhões...
  






Abraços da complexidade
Rodrigo e Dênis

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