02 janeiro 2012

365 DIAS PARA QUÊ?


Um ano a passar e outro a chegar. Conjunturas a mudar, expandir, evoluir, confirmar, embaraçar e claro: estagnar. Mudanças radicais “sem radicalismo islâmico”, mudanças “abstrato-enganosas” ou a inércia “tão predileta”? Escolhas feitas num espaço-tempo de 365 dias.
E nos últimos 365 dias, o que o Brasil realizou para mudar seu contexto? Como está a cara do futebol nacional? Diferente, alarmante, confiante, descrente, emergente...

E os próximos 365 dias?

“Majestoso” futebol brasileiro. Majestoso? 365 dias se passaram, reflexos foram visualizados e reflexões foram feitas? Sim... Cremos que isso aconteceu em teoria...E na prática????

E os próximos 365 dias?

Bem senhores, é só querer enxergar. Os últimos 365 dias foram proveitosos o bastante para uma reflexão conceitual do que realizar e não realizar nos próximos 365 dias. Confirmou-se de uma vez por todas que a "famigerada majestade futebolística nacional prepotente" já não existe mais, a majestade nacional está anos luz de um futebol “bem jogado”, futebol coletivo-individual, condizente com nossa raíz e com traços evolutivos elegantes.

É, nestes 365 dias que se passaram, fez-se valer aquela "velha-nova" sentença: “as recordações sempre são mais generosas que o presente”. As recordações, por incrível que pareça, são atuais e motivantes, e o presente procede-se no paradigma da “evolução bobótica”.

É, uma evolução com aparelhos de todas as formas, fotocélulas, medidores disso, daquilo, programas esportivos de melhores momentos, comerciais com bobagens grotescas; uma grande “evolução bobótica”.

Em 2006, CAPRA em uma entrevista ao Programa Roda Viva, tecia palavras sábias sobre essa “evolução bobótica”.

"A TV em geral está dominada pela publicidade, que nos diz que, cada vez mais, produtos novos irão nos tornar mais felizes. Em termos de sociedade, tanto no norte como no sul, agora, chegamos ao ponto de associar o progresso ao progresso tecnológico. Desse modo, ele pensa que ir do facão tradicional para só cortar o coco, e depois pôr um canudinho natural e beber a água, um processo maravilhoso e delicioso, que pode ter isso em uma garrafa de plástico, com canudo de plástico, é progresso. Precisamos mudar, também no nosso sistema educacional, a associação de progresso à melhora do bem-estar humano, com a ajuda da tecnologia. Mas não melhorar a tecnologia à custa do bem-estar humano" (CAPRA).

Doutores, o primeiro progresso tecnológico que o futebol precisa é a troca de cérebro (se este aqui no Brasil existir, é claro), sem usar um cérebro artificial ou aparelhos que o deixem vivo. É uma troca de percepções para um novo cérebro-humano-futebolístico! É apenas observar a essência do que a existência, o ser-humano e o jogo precisam essencialmente, sem acessórios frívolos.

Um progresso tecnológico no futebol, não é apenas parar de correr ao redor do campo para correr em laboratórios com testagem, monitorar a freqüência cardíaca dos jogadores, criar treinos de força de diversas formas além do “antigo subir-descer escadas ou passar do quadro negro, para a prancheta e posteriormente para os programas de análises de jogo mostrando 365 ações possíveis para uma ação; tudo no fim torna-se abstrato, enganoso e mentiroso.

O progresso que o futebol requer ao menos em “diversos dias” desses 365 pauta-se por criar um sentimento e uma intenção educacional para o jogo; e o processo que antecede o jogo (o treinar), passa em focar uma intenção de fazer o corpo sentir, saber, entender, responder e executar, intenção na qual educa o corpo inteiro do jogador e da equipe para ações complexas. Uma educação futebolística intencional de corpo inteiro que considere a interligação das conectas dimensões e níveis de organização do jogo-ser-humano-sociedade-história.

Bem, menos mal que em vários dias destes 365, há alguns visionários assombrando os tais “seres da evolução bobótica”. Estes estão tentando progredir e compreender tal relação ser-humano-sociedade-futebol pelos passos do sistêmismo e da complexidade. Honestamente sabem da dificuldade de “entranhar” as novas percepções e ideias. Humildemente reconhecem alguns erros de compreensão, normal em qualquer processo de troca de paradigmas e qualquer rede complexa, e partem em busca de novas soluções "bebendo com sabedoria a água de outros saberes".

Também no meio destes 365 dias, existe alguns “falsos visionários” apelidados de papagaios de pirata. Os “falsos visionários” que constroem quase nada, copiam tudo, agregam muito pouco e acham que são os pais de todos os edifícios criados pelos “MESTRES VISIONÁRIOS”, aos poucos vão sendo conhecidos e desmascarados. Esses se afogam na água de tanta sede.

Mas o importante e relevante são os “verdadeiros e humildes visionários” em busca de transcendência, influenciados pelos “MESTRES VISIONÁRIOS”, pois defendem o futebol e a existência de tudo como um todo em rede conecta. E sabem que para saber é necessário querer aprender e sempre buscar o “saber-mais-relacional”.





Um “MESTRE VISIONÁRIO” é CAPRA. E para entender a existência e o futebol como um todo em rede conecta é preciso saber disso:

“Dizer que tudo está interligado não basta. É preciso saber mais. O que chamo de alfabetização ecológica é a compreensão dos princípios básicos da ecologia para entender como a natureza preservou a vida durante bilhões de anos, como as coisas estão interligadas. Pensar em termos de redes, em termos de ciclos, pensar de onde vem a energia, refletir sobre o papel da biodiversidade e assim por diante. Isso é conhecimento sofisticado também do ponto de vista científico, portanto, estimulante para o intelecto. Quando obtemos esse conhecimento, existe um outro problema, como traduzir isso em política, em estilos de vida. Porque ao aprendermos coisas dos ecossistemas, não podemos aprender política, democracia, cultura. Estas são questões do reino humano. Vai custar muito trabalho traduzir conhecimento ecológico em política e comportamento humano. Todas essas coisas estão juntas. Por isso precisamos do pensamento sistêmico” (CAPRA).

E o que o CAPRA fez nos últimos 365 dias? E o que ele fará?

Espera-se que os “verdadeiros visionários” (quase todos que lêem as palavras acima) do futebol brasileiro possam fazer o que CAPRA fez e faz: “viver, buscar, errar e aprender no sistêmismo e na complexidade”. E para os “falsos visionários” e os “bobóticos”, ainda restam 364 dias, pois hoje é apenas o dia 02-01-2012!

Abraços

Rodrigo e Dênis

Observações:
Escopos de CAPRA retirados de sua Entrevista no Programa Roda Viva
Foto de Hélvio retirada da coluna do Tostão
Foto de Capra retirada do Site da Agência Fiep

Nenhum comentário:

Postar um comentário