15 janeiro 2012

"NÃO HÁ NADA TÃO TEÓRICO COMO UMA BOA PRÁTICA"!!!

Ser Vietnamita é lutar. E eu Henri, como bom Vietnamita, estou “compenetrado cada dia pela luta de troca de paradigmas no futebol”. E o título deste texto refere-se à estada de minha pessoa no trabalho de preparação de uma das equipes de um grande amigo meu Austríaco chamado Karl.
Foram seis dias de reflexão, planejamento, execução e (re) planejamento, isso a todo instante, dentro e fora do campo, no início dos treinamentos, nos intervalos para hidratação e ao final muita, mais muita discussão acerca das dimensões do futebol, do treinamento e sua operacionalização dentro de uma lógica extremamente complexa. 
Confesso que meu amigo Karl pensava e visualizada velozmente seus conceitos de jogo e sabiamente entrelaçava todas as dimensões na modelagem dos exercícios.  Em menos de uma hora terminava o planejamento de um dia de treinamento. Aliás, enquanto ele terminava um dia de treinamento (muito bem planejado por sinal), o meu feeling não era de tal forma aguçado quanto o dele. Por falta de prática (e aqui é que entra a lógica do título deste post) eu tentava pensar no tático-técnico-físico-psicológico e demais vertentes da complexidade de cada exercício, sempre considerando a modelação (que sempre é confundida com modelo de jogo pelos levianos pseudo-entendidos do futebol, incluindo mestres e doutores) e possíveis habituações que cada exercício poderia gerar, e sem esquecer jamais, da fractalidade de cada um (coisas que tais doutores se elegem a saber, pobres).
 Chegamos ao ponto de no Sábado a noite (normal seriamos sair a beber um Stroh Austríaco) discutimos ferozmente sobre a relação esforço-pausa (densidade) de cada exercício e a interdependência com os sistemas energéticos. Quem será que as 2hs da manhã faria isso? “Ah, discutir fisiologia para que?” como dizem os grandes técnicos, “deixemos para os fisiologistas!?” Negativo! Isso é assunto que deve por obrigação todo profissional do futebol saber. Infelizmente amigo Karl, no primeiro país do futebol (Vietnã) e no segundo país do futebol (Áustria), acha-se que tudo se sabe.... infelizmente!. Não estamos dizendo aqui que somos os donos da verdade, correto caro Karl?: muito pelo contrário, de nada sabemos! 
Bom, após discussões, mais prática, prática, prática, prática e prática. E depois das mesmas, reflexões sobre “equívocos” e “acertos”. E é assim que se constrói a relação teoria e prática, prática e teoria. Muitos até comentam que “na prática a teoria é outra” e vice versa, o que é uma pena pensar assim. Entretanto este argumento cretino é facilmente desbancado pela seguinte reflexão: se a prática é diferente, por que estudar 3, 4 ou 5 anos? Se é diferente realmente, fiquemos somente com a prática então. Aliás, tal prática é feita por muitos nos nossos países do futebol, sem nenhuma teoria por sinal. É só assistirmos agora nesse mês de Janeiro a Copa Hanói de futebol Infantil e a Copa Viena de futebol Juvenil (se é que podemos chamar aquilo de futebol). Mas vivemos nos países da bola...Infelizmente!
 Estar acompanhando meu amigo Karl me fez refletir muito sobre o estar no campo, lidar com grupos grandes de jogadores jovens (adolescentes, muitos na puberdade, por exemplo) e principalmente, aprendi que o conhecimento se compartilha, se discute, se concorda e se discorda, e que gerir um trabalho complexo dentro de uma lógica integrada-interligada-global (não deve-se confundir com método integrado e nem com o método do todo balofo, por favor) não é para quem quer e sim para quem pode e está sempre motivado e apaixonado pelo que faz. É caro amigo Karl, espero que consigamos fazer a diferença nesse tal e muito mau futebol.

          Finalizo este post meu caro Karl, com um trecho do livro de Luís Lourenço e Fernando Ilharco chamado Liderança: as lições de José Mourinho!; :

“Por perceber o UM pensamos que percebemos o DOIS, porque UM e UM são DOIS. Mas precisamos também de perceber o E”. 

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Abraços

Dênis e Rodrigo

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