13 julho 2012

FAZER ENTENDER


Mais complexo do que entender, é fazer o outro entender. Especialmente quando falamos sobre algo diferente, desconhecido, e que pela percepção de muitos, pode até ser ameaçador. Obviamente que estamos falando sobre “conceitos” para um “neofutebol”.
Entender algo novo gera sempre uma dificuldade que tira o “novo entendedor do seu sofá confortável e epidêmico”. A maioria não gosta de levantar o traseiro obeso do lugar aonde está. Essa maioria, para não sermos injustos, desconhecem a “ciência da transcendência”. Um excelente exemplo foi um jogo do final de semana pela segunda divisão do campeonato brasileiro, que de praxe, se assemelha à campeonatos varzeanos, um tanto como um belíssimo aglomerado de jogadores. Esse jogo serve de exemplo de como o futebol brasileiro está afundando lentamente em águas densas: “salve-se quem puder, de preferência os que querem sair do sofá, os que ficam estagandos, vão afundar merecidamente. E ainda existe gente dizendo que o nosso campeonato nacional é o mais difícil do mundo: só se for o mais difícil de assistir bons jogos.  
Vamos ao primeiro desentender. Mudar um sistema sem adaptabilidade-treinabilidade é uma questão que desrespeita o corpo-mente do jogador. Especificamente, uma destas equipes desse jogo atuava no 4-3-3 no início da temporada. Com a troca de técnico, passou para o 4-4-2 (pirilampo) e com a troca novamente de técnico, passou para o 3-5-2. Em especial, nesta partida, essa mesma equipe começou no 3-5-2. Com o placar desfavorável, passaram a atuar no 4-4-2 (calma, não se perca). No segundo tempo, foi novamente alterado para o 4-3-3 (usado no início desta temporada), e para fechar com chave de ouro, ao final da partida, com o jogo empatado, essa mesma equipe novamente alterou o sistema para o 4-2-4. Passou de um extremo à outro dentro de 90 minutos.
Algo que foi malmente treinado durante a semana não se muda durante um jogo. Será que precisará o mais poderoso homem do mundo, Barack Obama, fazer um decreto similar aos dos zumbis e sereias, para o resto do mundo (salvo exceções) acreditar que isso não existe e que não funciona?
A pátria amada está nutrida de “burros conscientes”, com todo respeito ao animal. É como aquele velho ditado: “Quem nasceu para burro, não chega a cavalo”. E depois ficam bravos pos serem chamados de burros nas arquibancadas.
Um outro desentender que chega a arrepiar os cabelos é: escutar jogadores falando que deus chamou-o para a partida, e que deus isso, deus aquilo, deus cá, deus acolá, deus, deus ,deus ,deus, deus. Realmente começamos a acreditar que o fim dos tempos, o juízo final, será realmente neste Dezembro. Se em uma cobrança de penalidade máxima o gol acontece, que dizer que deus quis que ocorresse o gol e que o goleiro foi vítima da injustiça de deus? Mais deus não é bom para todos? Claro, cada um tem sua crença, seja ela qual for, e deve ser respeitada. Estudos comprovam que a performance é afetada quando as crenças individuais são colocadas em cheque ou “retiradas” (crenças relativas à fé, e não crenças no sentido da psicologia cognitiva comportamental como as crenças centrais, esquemas, etc.) dos comportamentos rotineiros dos jogadores. E lá se vão apenas dois dos “milhares do desentender”.
 E os que já saíram desses e outros, não é fácil: nos primeiros dias  impressões ficam, ideias antigas persistem, e a dificuldade para o novo (que coisa é essa???) afronta com a “comodidade estável do já assimilado pelo sofá confortável. Contudo, é nessa fase transitória de turbulência que os perspicazes sobrevivem. É nesta fase que o “novo entendedor” visualiza que ao “tirar a bunda do sofá confortável”, as correntes são desprendidas, pois a escravidão que imperava já está em outra dimensão, sendo apenas uma vaga impressão de um tempo que muitas consequências ficaram e continuam presentes e aos poucos são transformadas. Realmente, essas consequências demoram para ser alteradas, mas o fato de levantar da bunda do sofá já determina uma questão: as consequências podem persistir um tempo largo, mais não por toda vida. E isto é notório. O novo entendedor diariamente vai percebendo que as consequências vão desaparecendo, é um trabalho regenerativo. Em um primeiro momento apena a recuperação, para posteriormente entrar com a aquisição.  É um trabalho diário de fazer e recuperar. E quando estas estão equilibradas, novas consequencias-características no novo entendedor são evidenciadas e um ar de felicidade renasce. Ele começa a perceber que o sofá que antes estava sentando continha correntes que tapavam especialmente o olho-cerebral (as pernas e braços não se movem corretamente sem o olho-cerebral). O novo entendedor está vivo e pronto para cada dia absorver o novo entender. E tudo é uma consequência do que se faz.
O novo ser humano entendido, agora fará de uma maneira totalmente diferente, pois quem o faz entender já é totalmente diferente. Palmas ao novo entendedor, ao seu entender e a quem o faz entender! Entendeste algo?

Abraços

Rodrigo Vicenzi Casarin
Dênis de Lima Greboggy

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